segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

BEHAVIORISMO





BEHAVIORISMO

Luiz Alberto Machado

INTRODUÇÃO - O presente trabalho procura destacar o Behaviorismo sob o ponto de vista histórico e psicológico. Justifica-se a sua realização tendo em vista a importância dessa corrente de pensamento na formação dos conteúdos psicológicos, notadamente aqueles voltados para as questões comportamentais. Objetiva efetuar uma abordagem histórica destacando os importantes cultores do behaviorismo, partindo dos antecedentes dessa corrente até seu desenvolvimento na contemporaneidade, destacando cada uma das teorias propostas por essa importante corrente psicológica. A metodologia aplicada ao presente estudo compreende uma pesquisa descritiva e bibliográfica, baseada nas fontes disponíveis em livros, publicações especializadas e sites da internet. Para tanto, aborda desde as teorias antecedentes ao behaviorismo, tratando do conexionismo e associacionismo de Thorndike, o pensamento de Watson, as consequências do movimento, o condicionamento reflexo de Pavlov, o behaviorismo intencional de Tolman, a teoria da contiguidade de Guthrie, a teoria formal de Hull, o behaviorismo radical de Skinner, a teoria social cognitiva de Bandura, os processos cognitivos de Rotter e o movimento na contemporaneidade.

BEHAVIORISMO - Efetuando-se uma revisão da literatura baseada em Moreira (1999), Atkinson et al (2011) e Morris e Maisto (2004), o behaviorismo surgiu no inicio do séc. XX, principalmente nos Estados Unidos. Mais precisamente, trata-se de uma escola psicológica inaugurada em 1913, por intermédio das ideias de John Broasdus Watson (1878-1958) em reação ao mentalismo que dominava a psicologia europeia.
O termo behaviorismo, no dizer de Schultz e Schultz (2012), tornou-se corrente refletindo a grande repercussão que alcançou em todo o mundo a posição doutrinária de Watson, criador do sistema e da respectiva denominação, influenciado pelos princípios do exercício, da frequência e da recência como fatores de aprendizagem de Edward Lee Thorndike, pelo objetivismo biológico de Jacques Loeb e pelo darwinismo, bem como pelo Funcionalismo que enfatizava a atividade e o ajustamento. Por esse criador, a Psicologia deveria ser encarada e abordada sob o mesmo enfoque de objetividade da ciência natural.
Segundo Moreira (1999, p. 14) “A tônica da visão de mundo behaviorissta está nos comportamentos observáveis e mensuráveis do sujeito”, considerando as respostas aos estímulos externos e na consequência da emissão das respostas. Possui esta escola a ideia de que o comportamento é controlado pelas consequências, significando que a manipulação de eventos posteriores à exibição de comportamento podem ser controlados.
Conforme Gazzaniga e Heatherton (2005, p. 52) trata-se de “Uma abordagem psicológica que enfatiza o papel das forças ambientais na produção do comportamento”.
Entende-se, pois, tratar de uma escola que possui por objeto o comportamento, adotando métodos de investigação da experimentação e observação que eram pertinentes às ciências naturais, por meio da ideia de continuidade entre as espécies.

1.1 Antecedentes históricos

No séc. XIX, conforme Atkinson et al (2011) e Schultz e Schultz (2012), antes de Watson aparecer com o seu manifesto behaviorista, vários estudos experimentais já eram realizados por pesquisadores sobre o comportamento animal, a exemplo de Edward Lee Thorndike (1874-1949) que se dedicou aos estudos da aprendizagem humana e de não humanos, formulando a sua Lei do Efeito.

1.1.1 O conexionismo/associacionismo de Thorndike

Em conformidade com Oliveira (2009) e Tourinho (2011), encontrou-se que Edwar Thorndike desenvolveu sua teoria considerando que a aprendizagem consiste na formação de ligações estímulo-resposta (E-R), que assumem a forma de conexões neurais. Essas ligações fisiológicas são fortalecidas pelo uso ou pela natureza satisfatória das consequências e são enfraquecidas por desuso ou por consequências desconfortáveis. Advoga, portanto, a ideia de que seres humanos chegam a respostas apropriadas em grande parte por ensaio-e-erro, mas podem também dar determinadas respostas em razão do predeterminado ser, atitude ou algo semelhante, culturalmente aceito.
A Lei do Efeito de Thorndike, conforme Atkinson et al (2011),  se dá quando uma conexão é seguida de uma consequência satisfatória e é fortalecida, sendo mais provável que a mesma resposta seja dada outra vez ao mesmo estímulo. Reciprocamente, se a conexão é seguida por um estado de coisa irritante, ela é enfraquecida, e a resposta não será repetida.
Observa Tourinho (2011) que essa lei fazia referencia à vida animal, examinando seus processos de associação e hábitos, sumarizando experimentos com gatos privados de alimentos em caixas-problemas, propondo a necessidade de experimentos cruciais planejados cuidadosamente para se obter o comportamento animal.
A esse respeito, acrescenta Oliveira (2009) que essa lei no lugar de ater-se a pormenores da topografia da resposta ou a propriedades como latência ou força da resposta, a Lei do Efeito sugeria que o cientista do comportamento deveria voltar sua atenção para mudanças na probabilidade da resposta, como função de mudanças na satisfação do organismo produzida por sua ação.
Por esses procedimentos, explica Tourinho (2011) que com suas caixas-problema para estudos com gatos, Thorndike registrava mudanças no tempo que o animal levava para sair da caixa, assim como observava a redução na variabilidade da resposta.
Tem-se, portanto, que a Lei do Efeito também antecipava uma das principais realizações da ciência do comportamento ao longo do século XX: a superação do mecanicismo e a elaboração do selecionismo como modo causal explicativo do comportamento. Contudo, ela foi bastante criticada pelos psicólogos comportamentalistas.

1.2 O behaviorismo de Watson

A contribuição watsoniana, conforme Schultz e Schultz (2012), tornou-se mais marcante e influente no combate que desencadeou contra o método introspeccionista, empregado na psicologia oficial de então, acadêmica, desde a criação do primeiro laboratório experimental, criado por Wilhem Wundt, em Leipzig, no ano de 1879.
Watson, segundo Moreira (1999), criticava o elementarismo estruturalista de Wundt e Titchener, contribuindo por introduzir a análise do comportamento pelo método objetivo das ciências naturais possibilitando o conhecido das respostas elementares que o compõe. Assim como a redução do mesmo a secreções glandulares e a movimentos musculares, isto é, a processos físico-quimicos, deixou-se entender que o comportamento implica uma relação entre estimulo e resposta, o que expressa o principio científico da causalidade regendo o fenômeno da conduta. Era, com base nessa ideia, através do condicionamento estímulo-resposta, a partir do nascimento, que se formavam todas as formas complexas e superiores do comportamento humano.
A teoria watsoniana, conforme Moreira (1999), focalizava muito mais estímulos do que as consequências e estava bastante influenciado pelo condicionamento clássico de Pavlov. Em vista disso, entendia o pensamento watsoniano que o comportamento significava movimento muscular, descartando o mentalismo em favor de uma ciência puramente objetiva do comportamento. Por isso, não se interessava pelo reforço ou pela punição como causas de aprendizagem, argumentando que se aprende a conectar um estímulo e uma resposta simplesmente porque os dois ocorrem juntos, em contiguidade, ou seja, supondo que a contiguidade sozinha, sem reforço, é suficiente para produzir aprendizagem. Por isso, para ele as emoções humanas eram respostas condicionadas e incondicionadas.
Observou-se que as ideias de Watson faziam referência ao reflexo que constituía o núcleo da explicação do comportamento em geral, inclusive do comportamento humano complexo. Este último se explicava não pela referência a processos adicionais ao reflexo, mas pela sucessão de processos de condicionamento respondente. Essa perspectiva representava uma extensão de princípios e procedimentos da investigação pavloviana, isto é, o condicionamento respondente, do campo fisiológico para o fenômeno do comportamento.
 Os métodos de Watson, segundo Schultz e Schultz (2012) e Fademan e Frager (2002), incluíam a observação com e sem o uso de instrumentos, teste, relato verbal e do reflexo condicionado.  Seus principais objetos de estudo eram os elementos do comportamento que envolviam os movimentos musculares do corpo e as secreções glandulares.

1.3 As consequências do movimento behaviorista

Esse movimento desdobrou-se em várias direções, dando origem a posições distintas. Nesse amplo quadro podem ser mencionadas, entre outras, as versões do behaviorismo lógico, molar, molecular, operacional, propositivo e descritivo. Essas são orientações divergentes que receberam a denominação de neobeaviorismo, tendo-se por ênfase, posteriormente, da metodologia básica de Watson na descrição objetiva das reações observáveis do organismo. Nesse sentido recebeu contribuições de Floyd Allport, de Albert Weiss, Edwin Hult, Walter Hunter, Edward Tolman e Z. Y. Kuo, além de Karl lashley e William McDougall.

1.3.1 O condicionamento dos reflexos de Pavlov

Foi Pavlov quem, segundo Gazzaniga e Heatherton (2005) influenciou Watson com seu trabalho sobre o sistema digestivo voltado para o reflexo salivar. Dessa forma, encontrou-se que Ivan Petrovich Pavlov (1849-1936) realizou o estudo de relações reflexas ou respondentes. Mais tarde, conforme observado por Tourinho (2011), trouxe a proposta de que as respostas de um organismo podem vir a ser eliciadas por estímulos condicionados.
A teoria de Pavlov, segundo Moreira (1999), refere-se à aprendizagem como substituição do estimulo: o estímulo condicionado, depois de ter sido emparelhado um numero suficiente de vezes com o estimulo incondicionado, passando a eliciar a mesma resposta, podendo substituí-lo. Esse tipo de condicionamento é também chamado de aprendizagem de sinal, uma vez que o estimulo condicionado serve como sinal para a ocorrência da resposta incondicionada. O reflexo é função direta de um estimulo controlado pelo observador.

1.3.2 O behaviorismo intencional de Tolman

Esse modelo proposto por Edward Chace Tolman (1886-1959), segundo Schultz e Schultz (2012), é o sistema que combina o estudo objetivo do comportamento com a ponderação da intenção ou a orientação do propósito no comportamento. Assim, a intencionalidade do comportamento pode ser definida em termos comportamentais objetivos sem se recorrer à introspecção ou aos relatos das sensações do individuo em relação à experiência, uma vez que o comportamento está impregnado de intenção e visa atingir um objetivo ou aprender a forma de alcançar a meta. Para tanto, esse autor defendeu as variáveis intervenientes que são fatores não observáveis inseridos no organismo, que são determinantes reais do comportamento. Em vista disso, Tolman propôs uma explicação cognitiva para a aprendizagem, sugerindo que a repetição do desempenho de uma tarefa reforça a relação aprendida entre as dicas ambientais e as expectativas do organismo.

1.3.3 A teoria da contiguidade de Guthrie

O behaviorismo de Edwin Gunthrie (1886–1959), conforme Oliveira (2009), traz por principio básico o fato de que se alguma coisa for feita em uma dada situação, provavelmente será feita de novo frente à mesma situação. Assim, se uma resposta acompanha um estimulo, tenderá a acompanhá-lo outra vez. Em vista disso, o autor defendeu o modelo de aprendizagem “tiro-e-queda”, considerando que a intensidade de uma ligação E-R, que ele denominou de hábito, é atingida na ocasião do primeiro pareamento, não sendo enfraquecida nem reforçada pela prática. Ele propôs três técnicas eficazes para substituir respostas indesejáveis por desejáveis, a primeira denominada de Método da fadiga, que consiste em repetir o sinal até que a resposta original canse e continue repetindo-o até que, eventualmente, nova resposta seja dada.
A segunda denominada de Método do Limiar, introduzindo o estímulo que se deseja, desconsiderando o grau fraco que não provoque a resposta. Assim, se ele não elicia a resposta indesejada, provavelmente eliciará outras, até que uma desejada seja dada, a qual ficará associada ao estimulo que será, então, suprimido.
A terceira denominada de Método do Estímulo Incompatível, apresentando que o estimulo quando a resposta não ocorrer, então, diferentes respostas provavelmente ocorrerão até que apareça uma que é desejada e então ficará associada, por ser a mais recente, ao estimulo, o qual será então retirado.

1.3.4 A teoria formal de Hull

Assinala Tourinho (2011) que Clark Hull (1884-1952) trouxe a teoria do sistema dedutivo-hipotético, reunindo uma estrutura lógica de postulados, corolários e teoremas similares à estrutura da geometria euclidiana. Sua teoria é a do tipo E-O-R, ou seja, o estimulo afeta o organismo, tudo como consequência a resposta. Foi influenciado pelo condicionamento clássico de Pavlov e pela Lei do Efeito de Thorndike, com a crença de que todo comportamento consiste de conexões E-R e a influencia do reforço na aprendizagem são básicos, tendo como conceito central o hábito, uma conexão E-R e a condição primaria para a formação do hábito que é o reforço. Seu trabalho foi continuado por Keneth Spence.
Para Schultz e Schultz (2012), Hull introduziu o espírito mecanicista ao considerar o comportamento humano automático e possível de ser reduzido e explicado na linguagem física. Trata-se de um posicionamento objetivo e reducionista com base quantitativa que sinalizava que as leis fundamentais do comportamento seriam expressas na linguagem precisa da matemática por meio do método estabelecido para definir postulados e pelos quais se podem obter conclusões testáveis por meio de experiências.
Introduziu ele, no dizer de Schultz e Schultz (2012), a Lei do Reforço Primário, defendendo que quando uma relação E-R é seguida pela redução de uma necessidade corporal, aumenta a probabilidade de que o mesmo estímulo provoque a mesma resposta em ocasiões subsequentes. Essa força de conexão E-R é chamada de força de hábito, significando ser uma função do número de reforços.

1.3.5 O behaviorismo radical operante de Skinner

Burrhus Frederic Skinner (1904-1990), segundo Morris e Maisto (2004), foi um legítimo sucessor de Watson, ao mesmo tempo em que conferiu ao movimento behaviorista impressões próprias, alargou enormemente os horizontes da investigação científica do comportamento e deu origem a uma extensa comunidade científica reunida em torno de programas de investigação por ele inaugurados.
Assim sendo, assinala Ditrich (2004) que seguindo o percurso de Watson, Skinner iniciou sua carreira estudando o reflexo, demonstrando seu interesse não simplesmente a possibilidade do condicionamento, ou sua suficiência para explicar a aprendizagem, mas principalmente a variabilidade do reflexo. Em vista disso, ele buscava as leis da variabilidade, o que, de certa forma, já começava a afastá-lo da lógica mecanicista, mesmo tomando o reflexo como objeto de estudos.
Foi, segundo Rodrigues (2005), a elaboração skinneriana que definitivamente afastou o mecanicismo, assinalando a bidirecionalidade, variabilidade e dependência mútua das relações entre respostas e estímulos, e o caráter probabilístico da determinação das primeiras, uma perspectiva ainda não inteiramente explorada na própria ciência do comportamento.
O horizonte do projeto skinneriano, conforme Zilio (2010), sempre foi o comportamento humano. Em vista disso, a proposta de Skinner subverte radicalmente muitas concepções tradicionais sobre a linguagem: no lugar de algo armazenado, a linguagem é comportamento, comportamento verbal; no lugar de ideias ou imagens mentais, os significados encontram-se nas contingências de reforço; no lugar de representar uma realidade independente, nossos conceitos definem modos particulares de interação com parcelas da realidade; no lugar de um acesso privilegiado à consciência, nossas autodescrições limitam-se pelas práticas de uma comunidade verbal.
Em conformidade com Ditrich (2004), Lopes (2006), Rodrigues (2005) e Zilio (2010), a proposição de Skinner, é a de que o reforço tem dois efeitos: um aumento na probabilidade da resposta e uma sensação de prazer. 
Skinner também se notabilizou, segundo Morris e Maisto (2004), pela introdução do ensino programado com a pesquisa teórica e pratica da modificação do comportamento, que se refere aos processos básicos e essenciais de toda e qualquer variedade.
Para Schultz e Schultz (2012, p. 296), a sua pesquisa: “[...] dedica-se ao estudo das respostas, tratando apenas do comportamento observável por acreditar que a tarefa da investigação cientifica era estabelecer as relações funcionais entre as condições de estimulo controladas pelo pesquisador e as respostas subsequentes do organismo”.
Conforme Gazzaniga e Heatherton (2005), Skinner desenvolveu o processo chamado modelagem que envolve reforçar comportamentos que são cada vez mai semelhantes ao comportamento desejado. Foi utilizado para ensinar habilidades sociais apropriadas a pessoas mentalmente doentes, linguagem às crianças autistas e habilidades básicas.
Assinalam Fademan e Frager (2002, p. 194) que Skinner possui uma posição neo-hedonística experimental, atualizando o condutismo watsoniano ao sustentar um behaviorismo predominantemente empírico, recorrendo a um principio geral, simples e fecundo, o do reforço, trazido diretamente da doutrina pavloviana do condicionamento, enriquecido com o sentido dado por Thorndike na revisão da Lei do Efeito. Com isso, criou verdadeira tecnologia experimental com a qual apurou o controle das condições determinantes antecedentes como variáveis independentes, e da observação das respostas como variáveis dependentes, sem as restrições comportamentais com que se conseguia a correlação precisa entre os estímulos e as respostas no condicionamento clássico ou respondente.
Há que se entender que reforçamento, segundo Fademan e Frager (2002, p. 195) é “[...] um reforço qualquer que aumenta a probabilidade de uma resposta”. Esses reforços podem primários e secundários.
Os reforços primários, no dizer de Fademan e Frager (2002), são recompensas físicas diretas. Já os reforços secundários, são estímulos neutros que se associaram a reforços primários de modo a atuarem como recompensas.
O reforço positivo, para Gazzaniga e Heatherton (2005) é aquele que aumenta a probabilidade de um comportamento ser repetido ao administrar um estimulo agradável, geralmente é referido como recompensa. Já o reforço negativo, é aquele que aumenta o comportamento pela remoção de um estimulo adverso.
A partir disso, argumenta Lopes (2006) que a proposição do operante restaurava o interesse pelas consequências do comportamento, ou melhor, o reconhecimento de suas funções causais, como assinaladas por Thorndike antes.
O condicionamento operante proposto por Skinner, segundo Gazzaniga e Heatherton (2005, p. 191), “[...] é o processo de aprendizagem em que as consequências de uma ação determinam a probabilidade de ela ser realizada no futuro”.
Conforme Davidoff (2001, p. 109), o condicionamento operante “[...] ocorre sempre que os efeitos que se seguem a um opoerante aumentam ou diminuem a probabilidade de o operamnte voltar a ser desempenhado em uma situação similar”. Isso quer dizer que a frequência relativa ou intensidade de uma ação é modificada durante o condicionamento operqate. Nesse caso, o reforçamento sucede o ato fortalecido.
Na visão de Schultz e Schultz (2012) e Morris e Maisto (2004), o comportamento operante é visto por Skinner como o melhor representante da situação típica de aprendizagem. Assim, a Lei da Aquisição é entendida como a força de um comportamento operante aumenta quando, em seguida, recebe um estimulo reforçador. Procedeu, pois, aos esquemas de reforço que são as condições que envolvem diferentes razões ou intervalos de tempo entre reforços.
Tem-se, portanto, que no condicionamento operante controlam-se as motivações primárias do animal, colocado a seguir, no labirinto ou em caixas especiais, onde é possível a observação de seu comportamento molar e variando no processo da aprendizagem, comportamento em que se repete a situação experimental após cada sucesso seguido de recompensa.
Há que se distinguir o condicionamento operante do respondente. Nesse sentido, Fademan e Frager (2002) entendem que o condicionamento respondente é comportamento reflexo, ou seja, o organismo responde automaticamente a um estímulo.

1.3.6 A teoria social cognitiva de Bandura

A contribuição de Albert Bandura (1925), segundo Morris e Maisto (2004), está em destacar a origem sociopsicogênica de numerosas anomalias de conduta, decorrentes da aprendizagem social e não meros sintomas de doenças. Ele retoma uma tese ao fundamentar com dados empíricos experimentais e comungando a aprendizagem social com recursos farmacológicos.
Nesse sentido, conforme Schultz e Schultz (2012), consiste a teoria da aprendizagem social estudando na formação e na modificação do comportamento nas situações sociais, bem como em alterar ou modificar comportamentos considerados socialmente anormais ou indesejáveis. Para tanto, trouxe Bandura à tona a questão da autoeficácia que foi descrita como o senso de autoestima ou valor próprio, o sentimento de adequação, eficácia e competência para enfrentar os problemas. Assim, a autoeficácia é a percepção que o individuo tem de sua autoestima e a competência em lidar com os problemas da vida.
Para Morris e Maisto (2004) a ênfase que a teoria da aprendizagem social dá às expectativas, aos insigths e às informações, amplia a compreensão como as pessoa aprendem, uma vez que os seres humanos empregam sua capacidade de observação e pensamento para interpretar suas próprias experiências, bem como as de outras pessoas, ao decidir o modo de agir.
Dessa forma, Bandura apresenta o reforço vicário que, conforme Schultz e Schultz (2012), é a noção de que o aprendizado pode ocorrer por observação dos comportamentos de outras pessoas e das consequências deles decorrentes e não apenas experimentando o reforço diretamente. Esse reforço parte do princípio de que o ser humano é capaz de antecipar e avaliar as consequências que observa nas outras pessoas, mesmo não passando pela mesma experiência.

1.3.7 Os processos cognitivos de Julian Rotter

As ideias de Julian Rotter (1916), definiram, conforme Schultz e Schultz (2012), os quatro princípios regentes dos resultados comportamentais. O primeiro desses princípios prega que o individuo cria expectativas subjetivas em relação às consequências ou aos resultados do seu comportamento com base na quantidade e no tipo de reforço que recebe.
O segundo princípio, segundo Schultz e Schultz (2012), define que se calcula a probabilidade de determinado comportamento conduzido a um reforço especifico e o ajusta apropriadamente.
O terceiro principio, demonstrado por Schultz e Schultz (2012), atribui valores diferentes para os diversos reforços e avalia o seu valor relativo nas variadas situações.
Por fim, o quarto princípio, no dizer de Schultz e Schultz (2012), advoga que como cada individuo apresenta um comportamento exclusivo e único no ambiente psicológico, o mesmo reforço pode adquirir diferentes valores para diversas pessoas. Assim, os valores e as expectativas subjetivas que constituem em estados cognitivos internos, determinam os efeitos das diferentes experiências externas sobre o individuo. Dessa forma, conforme os autores mencionados, Rotter trouxe a ideia de lócus de controle sobre a origem do reforço, observando que o lócus de controle interno é a crença de que o reforço depende do comportamento da pessoa, e o externo depende de forças externas.

1.4 O behaviorismo contemporâneo

Conforme Gazzaniga e Heatherton (2005), o behaviorismo foi o paradigma psicológico dominante até a década de 1960, influenciando os métodos e as teorias de todas as áreas da psicologia.
Acrescenta Davidoff (2001) que os behavioristas dominaram as décadas de 1930/60 e que contemporâneos ainda investigam estímulos, respostas observáveis e aprendizagem, estudando também amor, estresse, empatia e sexualidade.
Assinala Davidoff (2001) que o behaviorimo atual se caracteriza pelo forte envolvimento com a formulação de perguntas precisas e claras e o uso de métodos relativamente objetivos na condução de pesquisas cuidadoras.
Entre os contemporâneos, destacam-se Kenneth W. Spencer (1907-1967) que tem se referido mais à psicologia E-R, do que à corrente behaviorista, identificado mais como membro da psicologia da aprendizagem, da teoria do reforço ou da contiguidade, associacionista ou rerflexologista.
Além disso, encontra-se na literatura que a visão não representacional da linguagem, postulada pela Análise do Comportamento, está em acordo com muitos sistemas de pensamento que, ao longo do século XX foram construídos na filosofia e nas ciências humanas.
Atualmente encontra-se a utilização das teorias behavioristas quase que exclusivamente às áreas das organizações.

CONSIDERAÇÕES FINAIS - O presente estudo teve por objetivo efetuar observações e análises acerca do desenvolvimento da psicologia behaviorista por meio de uma revisão da literatura e de uma abordagem histórica das teorias dos seus principais cultores.
Observou-se, portanto, que o movimento teve embasamento em ideias anteriores ao fundamento dado por Watson por intermédio do seu manifesto.
A partir de Watson a vertente behaviorista passou a ter vigência por todo século XX, construindo um arcabouço investigativo e de organização de pesquisa que a definiu como a psicologia comportamental.
Merece destaque, além dos nomes citados em todo o trabalho, a contribuição de Skinner para as áreas psicológicas e educacionais, bem como a de Bandura com sua teoria social cognitiva tão importante para o desenvolvimento de estudos acerca da aprendizagem.
Destaca-se como uma das mais importantes contribuições do Behaviorismo a sua concepção relacional do comportamento humano, a interpretação funcional não representacional da linguagem e dos processos linguísticos, a visão selecionista da causação do comportamento e a proposta de que os fenômenos psicológicos são relações do homem com o mundo, que podem ser abordadas com os conceitos de uma ciência do comportamento.
Dessa forma, conclui-se enfatizando a importância de se estudar o behaviorismo para a formação do psicólogo.

REFERÊNCIAS
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DAVIDOFF, Linda. Introdução à Psicologia. São Paulo: Pearson Makron Books, 2001.
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GAZZANIGA, Michael; HEATHERTON, Todd. Ciência psicológica: mente, cérebro e comportamento. Porto Alegre: Artmed, 2005.
LOPES, Carlos. Behaviorismo radical e subjetividade. São Paulo: UFScar, 2006.
MOREIRA, Marco Antonio.Teorias de aprendizagem. São Paulo: Pedagógica e Universitária, 1999.
MORRIS, Charles; MAISTO, Alberto. Introdução à Psicologia. São Paulo: Prentice Hall, 2004.
OLIVEIRA, Debora. A concepção behaviorista da linguagem de W. V. O. Quine: exposição e defesa. Santa Maria/RS: UFSM, 2009.
RODRIGUES, Maria Esther. A contribuição do Behaviorismo Radical para formação de professores: uma análise a partir das dissertações e teses no período de 1970 a 2002. São Paulo: PUC, 2005.
SCHULTZ, Duane; SCHUTLZ, Sydney. História da Psicologia moderna. São Paulo: Cengage Learning, 2012.
TOURINHO, Emmanuel. Notas sobre o Behaviorismo de ontem e de hoje. Psicologia Reflexão e Crítica, Porto Alegre, vol. 24, nº 1, 2011.
ZILIO, Diego. Behaviorismo radical e as teorias da mente. São Paulo: EdUnesp/Cultura Acadêmica, 2010.

ADENDO: Trabalho apresentado em vídeo pelos alunos Luiz Alberto Machado, Gilson José da Silva, Edjane Galvão, Graceanne Teixeira Santos, Isabel Cerqueira, Lucineide Rocha e Patrícia Lins para a disciplina História da Psicologia, ministrada pela professora Maria de Fátima Pereira dos Santos.

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