quarta-feira, 17 de setembro de 2014

A ORIGEM DA VIDA



A VIDA – DE ONDE EU VIM? – Tudo começa com um flerte: olhares, sorrisos. Depois afinidade, afetos, identificações. Daí abraços, beijos, desejos e atividade sexual para satisfação dos quereres e paixões. Com a atividade sexual milhões de espermatozoide cercam o óvulo e um deles dá inicio à primeira fase da fecundação, denominada de fertilização ou concepção. A união dessas células haploides vai formar o zigoto com a união dos gametas que carregam os pares de cromossomos com a herança genética dos pais e para dar inicio a nidação e futura formação da placenta. Daí vão ocorrendo diversas divisões mitóticas para formação do embrião implantado no endométrio, seguindo-se depois para o útero durante a mórula para o desenvolvimento do blastócito que é formado pelo botão embrionário e o trofoblasto. Nesse processo dá-se a morfogênese para formação do córion e para ocorrência do desenvolvimento fetal. Enfim, dá-se o parto e nosso nascimento.



A ORIGEM DA VIDA – A origem da vida é uma questão que tem sido debatida exaustivamente por todos os segmentos de pesquisa. Exemplo disso, é o entendimento de Javor (2014) ao admitir que a vida surgiu no planeta entre 3 e 6 bilhões de anos, resultado do acúmulo de substancias como poeira, gases e rochas. Pinel (2005) nos apresenta um quadro de como a partir desse surgimento a evolução se deu: os primeiros organismos aquáticos multicelulares, os cordados que são os animais com medula nervosa dorsal, apareceram por volta de 600 milhões de anos; os primeiros peixes que se aventuraram fora da água transformando as nadadeiras e brânquias em penas e pulmões e deram origem aos anfíbios, apareceram por volta de 400 milhões de anos. Desses, surgiram os primeiros vertebrados a pôr ovos com cascas e serem cobertos por escamas secas, reduzindo os hábitos aquáticos, os répteis há cerca de 300 milhões de anos, até passarem aos mamíferos em aproximadamente 180 milhões de anos e, por consequência, os primatas e hominídeos, deste último o Australopithecus e o Homo na condição de homo erectus e homo sapiens.

AS TEORIAS SOBRE A ORIGEM DA VIDA –Sagan (1980) identifica quatro ideias sobre a origem da vida:
1 - a primeira das teorias compreende que a vida resultou de algum evento sobrenatural, para sempre fora do alcance do poder analítico da física e da química, hipótese adotada por teólogos e religiosos;
2 - a segunda, a vida, sob forma de organismos relativamente complexos, pode surgir espontaneamente, de matéria não viva, em condições especiais, hipótese que expressa a ideia da geração espontânea, que foi superada com o Renascimento e sepultada no séc. XIX. Segundo Zaia e Zaia (2008) essa teoria da geração espontânea, isto é, o surgimento de seres vivos totalmente formados a partir da matéria inanimada e/ou em estado de putrefação num tempo curto, pode parecer estranha para nós, porém incentivou diversos pesquisadores a fazerem experimentos e a discutir o assunto. Essa teoria foi somente desacreditada pela comunidade científica depois dos experimentos de Pasteur e Tyndall, no século XIX;
3 - a terceira, a vida é coeterna da matéria e não tem começo, havendo chegado à terra quando esta começou ou logo depois, hipótese que ganhou repercução com S. A. Arrhenius (1859-1927), lançando a ideia de panspermia, segundo a qual a vida terrestre teria nascido de micro-organismos ou esporos disseminados no sistema solar pela pressão da radiação. A ideia de Panspermia foi idealizada por Anaxágoras no século 5 a.C., na Grécia Anrtiga, sendo uma das hipóteses de que a vida foi trazida à Terra por meteoritos, asteroides e planetoides. A teoria propõe que a vida pode sobreviver aos efeitos adversos do espaço; como as bactérias extremófilas (organismos que conseguem sobreviver a condições geoquímicas extremas) que podem ficar presas em matérias para viajar por um longo período até colidir com outros planetas. Esse conceito também está relacionado com a ideia de que é possível existir vida em outros planetas;
4 - a quarta, a vida surgiu na terra por uma série de reações químicas progressivas, observada por T. H Huxley e J. Tyndall que afirmavam que a vida poderia ter surgido da combinação de susbtâncias inorgânicas.
Outras ideias, como a de J. B. S. Haldane sugere que a vida surgiu num caldo diluído e quente.
G. Wald defende que a vida é um evento cósmico e que ela surgiu muitas vezes em muitos lugares, lugares fechados a nós por impenetráveis distâncias, que, provavelmente, nunca serão cruzadas nem mesmo por um sinal.
Hebert Spencer (1820-1903) defende que a vida é a adaptação continua de relações internas a relações externas.
Outras tantas teorias ainda são encontradas, a exemplo:
A TEORIA DOS MARES: É a teoria de que a vida surgiu nos mares indica que tudo pode ter começado através de fontes hidrotermais – uma das maiores zonas de biodiversidade da Terra – que não necessitam de luz solar e fotossíntese. As fontes teriam expelido moléculas ricas em hidrogênio, mantendo-as concentradas em um único ambiente, favorecendo os minerais catalisadores. Até hoje, esse ambiente cultiva um grandioso ecossistema. 
A TEORIA DOS PRIMÓRDIOS NO GELO – há uma teoria que defende que o gelo pode ter dominado os oceanos. A camada de gelo possivelmente formada no oceano há 3 bilhões de anos pode ter protegido alguns compostos orgânicos mais frágeis dos raios ultravioleta. A teoria vem sendo aprimorada ao longo dos anos por cientistas como Stanley Miller e o biólogo molecular Matthew Levy. Deles também é a ideia de faíscas de vida, resultado de um famoso experimento realizado por eles na Universidade de Chicago, em 1953, indicando o início de vida na Terra. A experiência consistia em simular as condições primitivas de 3 bilhões de anos. Para realizar todo o processo foi preciso de um recipiente fechado com um balão contendo água, metano, amônia, hidrogênio e descargas elétricas. Depois de um tempo de exposição diante das faíscas, alguns compostos orgânicos surgiram dentro do ambiente vedado, incluindo aminoácidos e açúcares. Ao que tudo indica, o clima morno e úmido da Terra naquela época pode ter sido essencial para a criação de compostos básicos necessários para a vida.
A TEORIA DA ARGILA – É a ideia elaborada pelo químico Alexander Graham Cairns-Smith, da Universidade de Glasgow, na Escócia, que traz a teoria que mostra que a argila pode adsorver compostos orgânicos, desempenhando uma função de catalisador e protetor de reações – protegendo inclusive de radiação.
O BIG BANG - A teoria da Grande Explosão, ou Big Bang, surgiu no séc. XX, defendida pelo astrônomo belga Georges Lemaitre e pelo físico ruso George Gamow.
HIDROTERMAL - A teoria de que vida se originou perto de uma fonte hidrotermal no fundo do mar, com a descoberta de substâncias químicas encontradas em respiradouros e a energia fornecida, abastecendo as reações químicas necessárias para a evolução da vida. Em seguida, com o uso das sequências de DNA de organismos modernos, chegou-se um microorganismo aquático que pode ser o mais recente ancestral comum de toda forma de vida.
Em síntese, Zaia e Zaia (2008) registram que o bioquímico russo Aleksandr I. Oparin, em 1924, e, posteriormente, em 1928, o geneticista inglês John B. S. Haldane propuseram um esquema para estudar a questão da origem da vida em nosso planeta. Depois, na década de 1950, o estudante Miller que trabalhava no laboratório de Harold C. Urey (Prêmio Nobel de Química de 1934) na Universidade de Chicago, utilizando um equipamento,  conseguiu sintetizar aminoácidos. Este equipamento simulava um ambiente que existiu na Terra primitiva: o frasco A, contendo água aquecida a 80 °C, simularia o mar; o frasco E, preenchido com uma mistura de gases metano (CH4), amônia (NH3) e hidrogênio (H2), simularia a atmosfera; os eletrodos D gerariam faíscas que simulariam os raios e também seriam fonte de energia para as reações químicas. O resultado dos estudos de Harold Urey e Stanley Miller, na década de 1950, deram conta de que o início possuiu no início os componentes principais como a água, o carbono, atmosfera carregada de gases e descargas elétricas.
A descoberta, no início da década de 80, de que moléculas de RNA também podem desempenhar o papel de catalisadores deu um novo interesse à comunidade científica para a possibilidade de que o código genético talvez tivesse sido a invenção mais antiga. Os defensores do mundo do RNA postulam que o código genético é uma invenção anterior ao metabolismo. O DNA é o responsável pela síntese de RNA que, por sua vez, é o responsável pela síntese de proteínas e algumas enzimas catalisam a síntese de DNA e RNA.
Entendem Nicolino, Falcão e Faria (2010) que os estudos sobre origem da vida constituem um campo de investigação científica que contém uma pluralidade de teorias e abordagens com que se defronta na transdisciplinaridade. Apresentem eles os elementos da visão em comum no campo do conhecimento científico: (1) a possibilidade de existência de vida em diferentes pontos do universo, uma vez que moléculas orgânicas simples não parecem ser exclusividade do planeta Terra; (2) a hipótese de que a evolução química teria sua base na conjunção de uma série de eventos abiogenéticos, que teriam dado origem às primeiras moléculas orgânicas simples e, nesse contexto, (3) a formação de grande quantidade de moléculas orgânicas simples e dos primeiros polímeros pode ter tido mais de uma origem em função dos intensos bombardeios de radiação que a Terra sofria. Além desses enunciados básicos, o consenso tende a abranger também a definição de pontos críticos de investigação experimental e teorização.

REFERÊNCIA
ANDRADE, Luiz; SILVA, Edson. O que é a vida? Ciência Hoje, vol. 32. Nº 191, março 2003.
DAMINELI, Augsto; DAMINELI, Daniel. Origens da vida. Estudos Avançados, 21 (59), 2007.
FALAVIGNA, Asdrubal; VALENTIM NETO, João Guilherme. Neuroanatomia. Caxias do Sul: Educs, 2012.
GARTNER, L. P.; HIATT, J. L. Tratado de histologia em cores. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2003.
KREBBS, Claudia; WEINBERG, Joanne; AKESSON, Elizabeth. Neurociências ilustrada. Porto Alegre: Artmed, 2013.
MACHADO, Ângelo; HAERTEL, Lucia. Neuroanatomia funcional. São Paulo: Atheneu, 2014.
MENESES, Murilo. Neuroanatomia aplicada. Rio de Janeiro: Guanabra KKoogan, 2011.
MOORE, Keith L.; PISAUD, T. V. N. Embriologia clínica. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.
NICOLINO, Livia; FALCÃO, Eliane; FARIA, Flavio. Origem da vida: como licenciandos em Ciências Biológicas lidam com este tema? Ciência e Educação, vol. 16, nº 2, Bauru, 2010.
PINEL, John. Biopsicologia. Porto Alegre: Artmed, 2005.
SAGAN, Carl. Os dragões do éden: especulações sobre a evolução da inteligência humana. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1980.
ZAIA, Dimas; ZAIA, Cássia. Algumas controvérsias sobre a origem da vida. Química Nova, vol. 31, nº 6, São Paulo, 2008.

Veja mais aqui.