domingo, 30 de novembro de 2014

TERCEIRA IDADE


ENVELHECIMENTO – A cultura é um fator importante na experiência do envelhecimento, uma vez que afeta as percepções, os sentimentos de papéis, direito e responsabilidades, sistema de cuidado e apoio. No ocidente onde a maioria dos países é orientado para a juventude, o envelhecimento é aterrorizante, ocorrendo o declínio do papel desempenhado, queda na renda financeira, respeito em baixa levando os idosos a sentirem inúteis, não atraentes e indesejados. Tal fato corrobora a depressão e ansiedade, suicídio, mudança de humor e clima social desfavorável nessa parcela populacional.
No aspecto da competência, o idoso passar ser visto como lento com problemas de audição, rígido e fechado, senil e incompetente. As capacidades sensoriais dos  idosos ocorre o declínio da capacidade de ver, ouvir e saborear, difícil comunicação, retraimento, sentimento de intimidação e hesitante, mas isso não os inutiliza. As capacidades motoras sofrem declínio da força e da agilidade com as mudanças sensoriais que limitam o desempenho motor, carecendo de exercícios e atividades físicas, contudo não os invalida. As capacidades intelectuais deterioram ocorrendo baixa em algumas habilidades intelectuais que podem ser corrigidas, bem como declínios na inteligência devida à saúde precária e inatividade, entretanto tais declínios não os fazem de mortos. É preciso ter em mente que os aspectos biopsicossociais que envolvem a fase da velhice compreendem a redução da natalidade e envelhecimento demográfico, o que significa uma nova fase na vida e não o fim dela.
Destacam Morris e Maisto (2004) que em um processo que se inicia na metade da idade adulta e continua na terceira idade, a aparência física e o funcionamento de todos os órgãos passam por várias alterações.
Os aspectos físicos do envelhecimento são identificados por modificações internas, tais como endurecimento dos ossos, atrofiamento dos órgãos reduzindo o funcionamento, atrofiamento e perda de memória no cérebro, metabolismo mais lento, digestão mais difícil, insônia e fadiga, perda da visão, degeneração das células do ouvido, endurecimento e entupimento das artérias e diminuição do olfato e paladar por um desgaste inevitável. Os problemas orgânicos envolvem baixa na visão, audição e locomoção, depressão, distúrbio do sono, excesso de medicação, hipocondria e paranoia, provocando doenças como demência, doença de Alzheimer, depressão, pseudodemência e doença de Parkinson. Apesar disso, longe de sentir-se entediados e dependentes, assinalam Morris e Maisto (2004) que a maioria dos homens e mulheres com idades acima de 65 anos de idade leva uma vida autonomia longe dos filhos e fora das clínicas de repouso, e a maioria está satisfeita com seu estilo de vida. Nesse sentido, os aspectos sociais envolvem crise de identidade, aposentadoria, mudanças de papeis, perdas diversas e diminuição dos contatos sociais. Faz-se, portanto, necessária a realização de um trabalho de ajustamento, novos relacionamentos e aprendizagem de um novo estilo de vida.
Os aspectos psicológicos envolvem dificuldade de adaptação, falta de motivação e planejamento do futuro, perdas orgânicas, afetivas e sociais; dificuldade com mudanças rápidas, alterações psíquicas que requerem tratamento, depressão, hipocondria, somatização, paranoia, suicido, baixa autoestima e autoimagem, dificuldade de tornar-se dependente, exigindo que haja por parte do idoso flexibilidade e adaptação para mudar de comportamento, adquirir novos hábitos e criar outra postura para produzir felicidade. Observam Morris e Maisto (2004) que pessoas saudáveis que se mantêm intelectualmente ativas conservam um alto nível de funcionamento mental na terceira idade.
Tem-se, portanto, que o envelhecimento é um processo progressivo e previsível que envolve a evolução e maturação do organismo vivo, ou seja, é a manifestação de eventos que ocorrem ao longo de um período. O envelhecimento é inevitável e o processo sofre enorme variação entre os seres humanos. Este processo não é simplesmente a passagem do tempo. O tempo, em si não produz efeitos biológicos e sim os eventos que ocorrem no tempo, devido a sua passagem. Na realidade, não existe uma definição para explicar o envelhecimento, como ocorre no amor e na beleza, podendo-se reconhecê-lo quando se sente ou vê. Myers (2006) e Davidoff (2001) classifica a velhice em: inicial e avançada. A velhice inicial compreende o período dos 65 aos 75 anos de idade, quando aparecem tempo livre devido à aposentadoria, mente alerta e saúde melhorada. As limitações aumentam com a idade, sentem-se propensas à aventura gozando da liberdade para segunda vida. A velhice avançada ocorre a partir dos 75 anos de idade quando surgem novos desafios, se preparam para lidar com doenças que geram incapacidade, declínio e morte, contudo, procuram a satisfação da vida;

A APOSENTADORIA – Outra grande mudança anotada por Morris e Maisto (2004) é a aposentadoria pela qual passa a terceira idade, saindo do mercado de trabalho. As reações diante da aposentadoria diferem bastante, em parte porque a sociedade não tem uma ideia clara do que os aposentados devem fazer. A vantagem da falta de expectativas sociais é que os idosos têm a liberdade de estruturar sua aposentadoria da maneira que desejarem. É claro que o tipo de qualidade de vida após a aposentadoria depende, em parte, da condição financeira. Se a mudança significar uma grande queda no padrão de vida da pessoa, ela terá menos prazer em se aposentar e levará uma vida restrita após fazê-lo. Outro fator influente na atitude diante da aposentadoria é a maneira como a pessoa se sente em relação ao trabalho. Quem se sente realizado no trabalho geralmente se interessa menos pela aposentadoria que aqueles cujo emprego não os satisfaz. De maneira semelhante, pessoas muito ambiciosas e de personalidade difícil tendem a querer continuar trabalhando por mais tempo que as mais relaxadas.

COMPORTAMENTO SEXUAL E RELACIONAMENTO CONJUGAL NA TERCEIRA IDADE – Uma interpretação incorreta assinalada por Morris e Maisto (2004) é a de que os idosos duram mais que sua sexualidade. Esse mito reflete estereótipos por considerar que as pessoas idosas são fisicamente frágeis e pouco atraentes, não acreditando-se que elas sejam sexualmente ativas. Realmente os mais velhos reahem mais lentamente e são menos ativos sexualmente.
Assim como, no envelhecimento o relacionamento conjugal é um processo de ajustamento que se desenrola através de toda a vida do casal e isso inclui por certo, os aspectos de ajustamento sexual, familiar e financeiro. Quando esses ajustamentos são bem sucedidos no início do casamento a tendência é que seja reforçado um laço de cumplicidade e amizade entre o casal que pode fazer com que a relação permaneça por muitos anos. Quando isso não ocorre, existem vários motivos causadores da infidelidade, encontrando-se dificuldade de se ter, com o conjugue, o mesmo prazer que se obtém numa relação extraconjugal. O prazer ou gozo masculino está ligado à ejaculação, de uma forma concreta e explicita, de viver a sexualidade, sendo, mais ou menos, semelhante para todos os homens, de forma geral. A vivência de infidelidade, para ele, é muito menos para ela. Para que haja uma boa convivência, entre avós e filhos casados é necessário que haja respeito mútuo, que os filhos respeitem a casa e os costumes de seus pais, em que os avôs tenham clara consciência do respeito pela nova família, criada pelos filhos (a), além disso, a nora ou o genro que vem de outro ambiente e que merece respeito e consideração, ao seu modo de ser.
Muitos casais que permanecem juntos na terceira idade, segundo pesquisas realizadas, afirmam que são mais felizes agora no casamento do que eram em seus anos mais jovens. São muito importantes os benefícios que o relacionamento conjugal trás para os casais da terceira idade, são benefícios que podem ajudar os casais mais velhos a enfrentar os altos e baixos da idade, incluindo amizade, compartilhamento e o senso de pertencimento um ao outro. O divórcio na terceira idade é raro de acontecer, os casais que tomam essa decisão geralmente fazem mais cedo. O divórcio pode ser mais difícil para as pessoas mais velhas. Homens divorciados e separados sentem-se menos satisfeitos com as amizades e com as atividades de lazer do que homens casados. Para ambos os sexos, as taxas de doenças mentais e morte são mais elevados do que a média, talvez isso ocorra devido ao fato do apoio da sociedade ser insuficiente. Casar-se pela segunda vez na terceira idade pode ser algo especial, pesquisas realizadas afirmam que pessoas que se casam novamente na terceira idade parecem ser mais confiantes e mais satisfeitas e com menor necessidade de partilhar sentimentos pessoais. Os homens tendiam a ter mais satisfação quando se casam pela segunda vez na terceira idade do que quando fizeram na meia-idade.

ENFRENTAMENTO DAS PERDAS – Nessa fase ocorrem perdas de trabalho, de pessoas queridas, de competência pessoal e autoridade, quando, na verdade, os idosos querem permanecer ativos, com senso de identidade e valor. É como ocorrer o desengajamento por causa da perda de contato com papéis e atividades, preocupação com doenças, desconsideração pelas coisas fúteis porque o tempo é precioso e logo virá a morte, bem como a morte de pessoas mais jovens. O ajustamento devem ser reorganizadores, na substituição de antigas atividades por comunitárias; focalizados, variando atividades e realização de cursos; e devem ser aplicados em desengajados que abandonam compromissos sociais para ficar na cadeira de balanço. É preciso dar importância nessa fase da revisão da vida pela necessidade de redefinir a identidade. O senso de controle passar a existir por causa de maior inércia, conformismo e dependência, possibilitando o sentimento de controle que melhora a saúde mental e física e promove a longevidade.

A MORTE – Normalmente, segundo Myers (2006), a separação mais difícil é a de um cônjuge. O luto é especialmente severo quando a morte de um ente amado chega de repente e antes de seu tempo esperado no relógio social.
O medo da morte, no dizer de Morris e Maisto (2004) raramente constitui uma preocupação central para as pessoas da terceira idade. Entretanto, os idosos sentem medo da dor, de um tratamento indigno e da despersonalização pela qual podem passar em razão de uma doença terminal , bem como da possibilidade de morrer no isolamento. Eles também tem medo de onerar seus parentes com os gastos de uma hospitalização ou os cuidados de uma enfermeira. Às vezes, os pacientes não são capazes de oferecer muito apoio aos idosos à medida que estes envelhecem, seja por viver muito distantes, por ser incapazes de lidar com a dor de ver uma pessoa querida morrer ou pelo medo que eles próprios têm da morte.
O efeito morte, segundo Davidoff (2001) ocorre nessa fase por causa das perdas específicas em testes mentais que envolvem atividades com relação ao vocabulário e tarefas mentais, em razão de processo patológico que danificam o cérebro. As perdas mentais levam a lentidão no processo de informações e nas habilidades intelectuais, memória de longo prazo baixa, perda de lembranças, desaprendem e esquecem, porém mantendo linguagem e aptidões numéricas, prosseguindo também a aprendizagem e o potencial para solução criativa de problemas. Nesse caso, Davidoff (2001) elege dois tipos de inteligência: fluida e cristalizada. A inteligência fluida envolve a parte biológica, a capacidade de racionar e relembrar que declinam na velhice com as mudanças cerebrais. A inteligência cristalizada envolvem os conhecimentos assimilados como vocabulário, matemática, raciocínio social e informações. As habilidades de conhecimento são influenciadas pelo ambiente, havendo necessidade da habilidade fluida para ter inteligência cristalizada. Como as ações do cérebro diminui, ocorrem também alterações e déficits, havendo necessidade aconselhamento para diminuir ansiedades, depressão e elevar a autoestima, principalmente por causa da falta de familiaridade e de problemas de motivação.
O enfrentamento da morte se dá contra o sofrimento físico e a humilhação. Nesse sentido, Davidoff (2001) apresenta a teoria do estágio da morte: negam, raiva por se sentirem ludibriadas, inveja, barganha com bom comportamento, depressão e, finalmente, aceitação.
A preocupação com a morte varia de acordo com a idade da pessoa. Na meia idade a morte se torna uma preocupação maior. Nesta fase da vida o indivíduo já passou pela experiência da morte vivenciada de que um dia ela terá que enfrentar a morte, como realidade em sua própria vida. Segundo a psiquiatra Elisabeth Kubler-Ross, anotado por Morris e Maisto (2004), a maioria das pessoas que estão morrendo apreciam a oportunidade de falar abertamente sobre sua condição e estão conscientes de estarem próximos da morte, mesmo que isso não lhe tenha sido dito. Essa médica delineou cinco etapas na conciliação com a morte: O primeiro estágio – se caracteriza pela tentativa de negação da realidade. O segundo estágio – se caracteriza pela resposta emocional de ira ou de revolta. Esta reação é mais frequente em pessoas jovens. No terceiro estágio – o indivíduo começa um processo de barganha. O quarto estágio – é marcado por aquilo que Kubler-Ross chama de depressão preparatória. O quinto estágio – desse processo se caracteriza pela aceitação da realidade. A partir desse momento normalmente o indivíduo assume uma atitude mais racional, e isso contribui para que a transição final seja tranquila e mais resignada. Também propôs uma progressão semelhante nos sentimentos das pessoas que enfrentam luto eminente. Morrer como viver é uma experiência individual. Para algumas pessoas, a negação ou a raiva pode ser um modo mais saudável de enfrentar a morte do que a calma aceitação. A descrição de Kubler-Ross, portanto, não deve ser vista como um modelo universal ou como um critério para uma “boa morte”. A morte como fenômeno natural é parte integrante e inevitável da própria vida. Uma adequação filosófica da vida, por tanto deveria incluir a experiência da morte como algo absolutamente normal. Em muitas culturas primitivas a morte é parte da experiência constate dos grupos sociais, e desde cedo na vida do indivíduo ele é exposto ao contato com a realidade da morte. Nessas culturas, via de regra, os indivíduos tendem a encarar a morte com bastante naturalidade e ela não representa nenhuma sobrecarga emocional. O estilo de vida deve ser alicerçado em hábitos saudáveis, atividade física regular e orientada por pessoas qualificadas, alimentar-se sem exagero, manter o peso ideal, ingerir álcool com moderação, não fumar e fazer controles médicos periódicos, mesmo na ausência de sintomas. O ambiente contribui com ausência de poluentes, infraestrutura sanitária adequada, possibilidade de acesso ao mercado, consultas médicas regulares, participação em eventos socioculturais e sentir-se produtivo até o fim da vida, dedicando-se a um ideal. A ciência comprova que, se essas medidas forem adotadas um envelhecimento melhor. O tratamento de doenças crônicas visa fundamentalmente: o alivio do desconforto, o retardamento da evolução, a prevenção das complicações, o bem estar, a independência/diminuição da dependência, a melhora da mobilidade. A mesma defasagem entre as diversas classes sociais se percebe em relação à mobilidade.
Vê-se, portanto, que a preocupação com a morte normalmente varia de acordo com a idade da pessoa. Na meia-idade o assunto da morte se torna uma preocupação maior. Geralmente nesta fase da vida a pessoa já passou pela experiência da morte de entes queridos e isso lhe traz a noção mais vivida de que um dia ela terá de enfrentar a morte como realidade em sua própria vida. Na velhice esse quadro é consideravelmente agravado com a frequente morte de pessoas nessa mesma faixa etária. A frequência da morte entre pessoas idosas pode levar o individuo a uma excessiva preocupação com o seu próprio fim.

PSICOTERAPIA NA TERCEIRA IDADE – A psicoterapia nessa fase vai desde o apoio até o tratamento psicanalítico. Uma ação psicoterápica pode ser realizada por pessoas ou profissionais com ajuda meio informal. A psicoterapia é formal, profissional, sistemática com enquadre que compreendem combinações práticas. A psicoterapia indireta é realizada por pessoa íntima ou técnico para compartilhamento de angústias, dúvidas e desabafos. A catarse consiste em encontros sistemáticos e continuados de amparo e escuta contra a angustia do desamparo, realizado por profissional que deve continência, ou seja, a capacidade de ouvir sem revide temas como depressão, tédio ou fuga. A terapia de apoio acredita nas capacidades real e sincera do idoso – capacidades mentais, emocionais e físicas que se encontram latentes. A psicoterapia de acompanhamento ocorre quando o idoso não tem possibilidades físicas, geográficas, econômicas ou disposição para conservação de um vínculo. A terapia em domicilio ocorre no domicilio ou instituição por profissional, não podendo ser confundida com visitas sociais. A grupoterapia é importante para desenvolvimento de intercâmbio e interação grupal. A terapia psicanalítica vai abordar o inconsciente para mudanças na qualidade de vida e convívio, devendo o idoso querer a terapia e fazer mudanças permitindo acesso a zonas ocultas do psiquismo na procura do vazio existencial, dificuldades de relacionamento, queda da autoestima e sentimentos depressivos.

REFERÊNCIAS
DAVIDOFF, Linda. Introdução à psicologia. São Paulo: Pearson Makron Books, 2001.
MARANHÃO, José Luiz de Souza. O que é a morte. São Paulo: Saraiva, 1992.
MORRIS, Charles; MAISTO, Albert. Introdução à psicologia. São Paulo: Prentice Hall, 2004.
MYERS, David. Psicologia.Rio de Janeiro: LTC, 2006
ROSA, Merval. Psicologia evolutiva. Petrópolis: Vozes, 1983.
SALLY, Diane Papalia; OLDS, Sally Wendkos; FELDMAN, Ruth Duskin. Desenvolvimento humano. Porto Alegre: Artmed, 2006.

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sábado, 29 de novembro de 2014

NEUROFILOSOFIA & NEUROCIÊNCIA COGNITIVA


GRUPO DE PESQUISA – Realizou-se na última sexta, dia 28 de novembro, mais uma reunião do Grupo de Pesquisa Neurofilosofia & Neurociência Cognitiva, comandada pela Profª Janne Eyre Araújo de Melo Sarmento.
Na ocasião, a coordenadora fez um balanço das atividades grupo, parabenizando a todos pelas atividades desenvolvidas e definindo a necessidade de realização de agendamento das atividades para o próximo ano letivo. Ficou, portanto, marcada para o próximo dia 06 de dezembro, a reunião regular que contará com a presença do Professor Álvaro Queiroz nos debates.


Em seguida, o pós-graduando e tesoureiro do grupo Weverky Farias fez explanação dos seus estudos voltados à Equoterapia, trazendo pro debate os livros O homem que ouve cavalos e Violência não é resposta, de Monty Roberts, cujas obras embasam as atividades que estão sendo desenvolvidas na área.


Logo após, a graduanda Daniella Nunes expôs seus estudos acerca da Terceira Idade, trazendo para o debate as obras Gerontodrama, a velhice em cena: estudos clínicos e psicodramáticos sobre o envelhecimento e terceira idade, de Elisabeth Maria Sene Costa; o livro Psicodrama e Neurociência: contribuição para a mudança terapêutica, de Heloisa Fleury, Georges Khouri e Edward Hug; e, por fim, Por uma epistemologia da subjetividade: um debate entre a teoria socio-histórica das representações sociais, organizado por Odair Furtado e Fernando L. Gonzalez, todos inseridos nas pesquisas realizadas em parceria com o seu colega Marcos Henrique. Veja mais aqui e aqui.


Prosseguindo, o graduando Danrley Tenório expôs o desenvolvimento de suas atividades concernentes aos estudos relativos ao RPG, trazendo à tona a obra O jogo no psicodrama, organizado por Julia Mota, livro que reúne onze conceituados psicodramatistas brasileiros tratando do polêmico tema dos jogos em grupos de psicodrama, por meio de textos esclarecedores que fornecem material para reflexão e aprimoramento dos seus praticantes. Indispensável para estudantes e profissionais de psicologia. Veja mais aqui.


Por fim, o graduando Sérgio Marques trouxe para os debates o resultados dos seus estudos sobre a temática da Sexualidade Humana, apresentando para os presentes a obra Educação sexual em 8 lições: como orientar da infância à adolescência – um guia para professores e pais, da sexóloga Laura Miller, abordando o tema sexualidade de forma franca, aberta e esclarecedora, com base nos livros, colunas e textos para jornais, revistas e internet, e como psicóloga clínica com atendimento a jovens, adultos, casais e famílias em seu consultório particular em São Paulo. veja mais aqui.

DICAS DE LEITURA

NEURODESENVOLVIMENTO E TRANDISCIPLINARIDADE – O livro Neurodesenvolvimento e transdisciplinaridade: temas em neuropsiquiatria infantil, organizados por Mauro Muszkat, Claudia Berlim de Mello e Sueli Rizzutti, trata de temas como transtorno de ansiedade, transtorno bipolar, transtorno de conduta, deficiência intelectual, trantorno obsessivo-compulsivo e depressão. Veja mais aqui.

REFERÊNCIAS
COSTA, Elisabeth. Gerontodrama, a velhice em cena: estudos clínicos e psicodramáticos sobre o envelhecimento e terceira idade. São Paulo: Ágora, 1998.
FLEURY, Heloisa; KHOURI, Georges; HUG, Edward. Psicodrama e Neurociência: contribuição para a mudança terapêutica. São Paulo: Ágora, 2008.
MILLER, Laura. Educação sexual em 8 lições: como orientar da infância à adolescência – um guia para professores e pais. São Paulo Academia do Livro, 2013.
MUSZKAT, Mauro; MELLO, Caludia; RIZZUTTI, Sueli. Neurodesenvolvimento e transdisciplinaridade: temas em neuropsiquiatria infantil. São Paulo: Memnon, 2010.
ROBERTS, Monty; O homem que ouve cavalos/violência não é resposta. Rio de Janeiro: BestBolso, 2011.

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segunda-feira, 24 de novembro de 2014

A OBRA DE ARTE NA ERA DA SUA REPRODUTIVIDADE TÉCNICA, DE WALTER BENJAMIN


[...] No interior de grandes períodos históricos, a forma de percepção das coletividades humanas se transforma ao mesmo que seu modo de existência. O modo pelo qual se organiza a percepção humana, o meio em que ela se dá, não é apenas condicionado naturalmente, mas também historicamente. A época das invasões dos bárbaros, durante a qual surgiram as indústrias artísticas do Baixo Império Romano e a Gênese de Viena, não tinha apenas uma arte diferente da que caracterizava o período clássico, mas também uma outra forma de percepção. Os grandes estudiosos da escola vienense, Riegl Wickhoff, que se revoltaram contra o peso da tradição classicista, sob o qual aquela arte tinha sido soterrada, foram primeiros a tentar extrair dessa arte algumas conclusões sob a organização da percepção nas épocas em que ela estava e vigor.
[...] Em suma, o que é a aura? É uma figura singular, composta de elementos espaciais e temporais: a aparição única de uma coisa distante por mais perto que ela esteja. Observar, em repouso, numa tarde de verão, uma cadeia de montanhas no horizonte, ou um galho, que projeta sua sombra sobre nós, significa respirar a aura dessas montanhas, desse galho. Graças a essa definição, é fácil identificar os fatores sociais específicos que condicionam o declínio atual da aura. Ela deriva de duas circunstâncias, estreitamente ligadas à crescente difusão e intensidade dos movimentos de massas. Fazer as coisas "ficarem mais próximas" é uma preocupação tão apaixonada das massas modernas como sua tendência a superar o caráter único de todos os fatos através da sua reprodutibilidade. Cada dia fica mais irresistível a necessidade de possuir o objeto, de tão perto quanto possível, na imagem, ou antes, na sua cópia, na sua reprodução. Cada dia fica mais nítido a diferença entre a reprodução, como ela nos é oferecida pelas revistas ilustradas e pelas atualidades cinematográficas, e a imagem. Nesta, a unidade e a durabilidade se associam tão intimamente como, na reprodução, a transitoriedade e a repetibilidade. Retirar o objeto do seu invólucro, destruir sua aura, é a característica de uma forma de percepção cuja capacidade de captar "o semelhante no mundo” é tão aguda, que graças à reprodução ela consegue captá-lo até no fenômeno único. Assim se manifesta na esfera sensorial a tendência que na esfera teórica explica a importância crescente da estatística. Orientar a realidade em função das massas e as massas em função da realidade é um processo de imenso alcance, tanto para o pensamento como para a intuição.
[...] Uma das tarefas mais importantes da arte foi sempre a de gerar uma demanda cujo atendimento integral só poderia produzir-se mais tarde. A história de toda forma de arte conhece épocas críticas em que essa forma aspira a efeitos que só podem concretizar-se sem esforço num novo estágio técnico, isto é, -numa nova forma de arte. As extravagâncias e grosserias artísticas daí resultantes e que se manifestam sobretudo nas chamadas "épocas de decadência" derivam, na verdade, do seu campo de forças historicamente mais rico. Ultimamente, foi o dadaísmo que se alegrou com tais barbarismos. Sua impulsão profunda só agora pode ser identificada: o dadaísmo tentou produzir através da pintura (ou da literatura) os efeitos que o público procura hoje no cinema.
[...] A massa é a matriz da qual emana, no momento atual, toda uma atitude nova com relação à obra de arte. A quantidade converteu-se em qualidade. O número substancialmente maior de participantes produziu um novo modo de participação. O fato de que esse modo tenha se apresentado inicialmente sob uma forma desacreditada não deve induzir em erro o observador. Afirma-se que as massas procuram na obra de arte distração, enquanto o conhecedor a aborda com recolhimento. Para as massas, a obra de arte seria objeto de diversão, e para o conhecedor, objeto de devoção. Vejamos mais de perto essa crítica. A distração e o recolhimento representam um contraste que pode ser assim formulado: quem se recolhe diante de urna obra de arte mergulha dentro dela e nela se dissolve, como ocorreu com um pintor chinês, segundo a lenda, ao terminar seu quadro. A massa distraída, pelo contrário, faz a obra de arte mergulhar em si, envolve-a com o ritmo de suas vagas, absorve-a em seu fluxo. O exemplo mais evidente é a arquitetura. Desde o início, a arquitetura foi o protótipo de uma obra de arte cuja recepção se dá coletivamente, segundo o critério da dispersão. As leis de sua recepção são extremamente instrutivas.
[...] A crescente proletarização dos homens contemporâneos e a crescente massificação são dois lados do mesmo processo. O fascismo tenta organizar as massas proletárias recém-surgidas sem alterar as relações de produção e propriedade que tais massas tendem a abolir. Ele vê sua salvação no fato de permitir às massas a expressão de sua natureza, mas certamente não a dos seus direitos. Deve-se observar aqui, especialmente se pensarmos nas atualidades cinematográficas, cuja significação propagandística não pode ser superestimada, que a reprodução em massa corresponde de perto à reprodução das massas. Nos grandes desfiles, nos comícios gigantescos, nos espetáculos esportivos e guerreiros, todos captados pelos aparelhos de filmagem e gravação, a massa vê o seu próprio rosto. Esse processo, cujo alcance é inútil enfatizar, está estreitamente ligado ao desenvolvimento das técnicas de reprodução e registro. De modo geral, o aparelho apreende os movimentos de massas mais claramente que o olho humano. Multidões de milhares de pessoas podem ser captadas mais exatamente numa perspectiva a voo de pássaro. E, ainda que essa perspectiva seja tão acessível ao olhar quanto à objetiva, a imagem que se oferece ao olhar não pode ser ampliada, como a que se oferece ao aparelho. Isso significa que os movimentos de massa e em primeira instância a guerra constituem uma forma do comportamento humano especialmente adaptada ao aparelho. As massas têm o direito de exigir a mudança das relações de propriedade; o Fascismo permite que elas se exprimam conservando, ao mesmo tempo, essas relações. Ele desemboca, consequentemente, na estetização da vida política.
[...] É a forma mais perfeita do  art pour l'art. Na época de Homero, a Humanidade oferecia-se em espetáculo aos deuses olímpicos agora, ela se transforma em espetáculo para si mesma. Sua auto-alienação atingiu o ponto que lhe permite viver sua própria destruição como uni prazer estético de primeira ordem. Eis a estetização da política, como a pratica o fascismo. O comunismo responde com a politização da arte.



A OBRA DE ARTE NA ERA DA SUA REPRODUTIVIDADE TÉCNICA – O livro A obra de arte na era da sua reprodutividade técnica, do filósofo, sociólogo ensaísta, critico literário e tradutor judeu alemão, Walter Benjamin (1892-1940), é um ensaio que foi publicado em 1936, tratando da reprodutibilidade técnica, autenticidade, destruição da aura, ritual e política, valor de culto e valor de exposição, fotografia. valor de eternidade, fotografia e cinema como arte, cinema e teste, o intérprete cinematográfico, exposição perante a massa, exigência de ser filmado, pintor e cinegrafista, recepção dos quadros, camundongo Mickey, Dadaísmo, recepção tátil e recepção ótica e estética da guerra. Foi produzido em um esforço para descrever uma teoria materialista da arte, que seria "útil para a formulação das exigências revolucionárias na política da arte", fazendo uma comparação entre teatro e cinema, fotografia e pintura, de como a aura foi deturpada ao longo dos anos e de como a existência parasitária no ritual foi perdendo-se com a ideologia burguesa.

REFERÊNCIA
BENJAMIN, Walter. A obra de arte na era da sua reprodutividade técnica. São Paulo: Abril Cultural, 1980.

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