segunda-feira, 25 de maio de 2015

PSICOPATOLOGIA & ALTERAÇÕES DE AFETIVIDADE


AFETIVIDADE – Segundo Dalgalarrondo (2008), a vida afetiva é a dimensão psíquica que dá cor, brilho e calor a todas as vivencias humanas. Sem afetividade, a vida mental torna-se vazia e sem sabor.
Já segundo Paim (1993) é a capacidade de experimentar sentimentos e emoções. É o estado de animo ou humor como disposição afetiva fundamental, rica em todas as instancias emocionais e vitais, que dá a cada um dos estados de animo uma tonalidade entre dois polos, um patético e outro apático.
Distinguem-se cinco tipos básicos de vivências afetivas: humor ou estado de animo, emoções, sentimentos, afetos e paixões.

HUMOR OU ESTADO DE ÂNIMO – O humor, para Paim (1993), consiste na soma total dos sentimentos presentes na consciência em dado momento. O estado afetivo fundamentais do individuo (alegria, bem-estar, jubilo, felicidade, inquietação, angustia, tristeza, desespero) depende inteiramente das circunstancias pessoas da vida, dos desejos, inclinações e especialmente do estado de sua saúde física.

EMOÇÕES – Para Dalgalarrondo (2008), as emoções podem ser definidas como reações afetivas agudas, momentâneas, desencadeadas por estímulos significativos. Assim, a emoção é um estado afetivo intenso, de curta duração, originado geralmente como a reação do individuo a certas excitações internas ou externas, conscientes ou inconscientes.
Assinala Paim (1993) que a emoção é um estado afetivo intenso e complexo, proveniente de uma reação ao mesmo tempo psíquica e orgânica do individuo inteiro contra certas excitações internas ou externas.

SENTIMENTOS – Os sentimentos, segundo Dalgalarrondo (2008), estão comumente associados a conteúdos intelectuais, valores, representações e, em geral, não implicam concomitantes somáticos. Constituem fenômeno muito mais mental que somático.
Para Paim (1993) o sentimento é um estado afetivo atenuado, estável, duradouro e organizado com maior riqueza e complexidade do que os elementos representativos.
Os sentimentos da esfera da tristeza são melancolia, saudade, tristeza, nostalgia, vergonha, impotência, aflição, culpa, remorso, autodepreciação, autopiedade, sentimento de inferioridade, infelicidade, tédio, esperança, entre outros.
Os sentimentos da esfera da alegria são euforia, jubilo, contentamento, satisfação, confiança, gratificação, esperança, expectativa, entre outros.
Sentimentos da esfera da agressividade são raiva, revolta, rancor, ciúme, ódio, ira, inveja, vingança, repúdio, nojo, desprezo, etc.
Os sentimentos relacionados à atração pelo outro são amor, atração, tesão, estima, carinho, etre outros.
Os sentimentos associados ao perigo são temor, receio, desamparo, abandono, rejeição, etc.
Os sentimentos do tipo narcísico são vaidade, orgulho, arrogância, onipotência, superioridade, empáfia, prepotência, etc.

AFETOS – Para Dalgalarrondo (2008), define-se afeto como a qualidade e o tônus emocional que acompanha uma ideia ou representação mental. Os afetos acoplam-se a ideias, anexando a elas um colorido afetivo. Seriam o componente emocional de uma ideia.

PAIXÕES – A paixão, segundo Dalgalarrondo (2008), é um estado afetivo extremamente intenso, que domina a atividade psíquica como um todo, captando e dirigindo a atenção e o interesse do individuo em uma só direção. A paixão intensa impede o exercício de uma logica imparcial.

ALTERAÇÕES DA AFETIVIDADE – Para Paim (1993) as alterações da afetividade são hipertimia, hipotimia, apatia ou indiferença afetiva, sentimento de falta de sentimento, sentimento de insuficiência, sentimentos sem objeto, sentimentos inadequados, qualidades novas dos sentimentos, pânico, sentimentos de presença, irritabilidade patológica, tenacidade afetiva, instabilidade afetiva, incontinência emocional, sugestibilidade patológica, puerilismo, moria, angustia, ambivalência afetiva e fobias.

HIPERTIMIA – Para Paim (1993) a hipertimia ou estado de animo morbidamente elevado, distinguem-se a euforia e a exaltação afetiva patológica. A euforia simples traduz por um estado de completa satisfação e felicidade na qual vefiicam-se elevação do estado de animo, aceleração do curso do pensamento, loquacidade, vivacidade da mímica facial, aumento da gesticulação, riso fácil e logorreia. A euforia simples é observada nos indivíduos predispostos constitucionalmente e, em sua forma pura, na fase maníaca, nos estados hipomaníacos, na embriaguez alcoolica, na demência senil.
Na exaltação patologia há não só euforia como também aumento da convicção do próprio valor e das aspirações. Vai acompanhada de aceleração do curso do pensamento que pode chegar à fuga de ideias, desviabilidade da atenção e certa facilidade para passar rapidamente do pensamento à ação. A instabilidade afetiva desses enfermos se traduz pelça extrema facilidade com que eles passam da euforia à tristeza ou à cólera. O estado de animo é o da distimia expansiva. Nos estados de exaltação patologia os enfermos dão a impressão de mais jovens, há aumento do turgor vitalis, manifestação de apetite voraz e de excitação sexual, insônia, grande facilidade dos movimentos expressivos e tendência irresistível à ação.

HIPOTIMIA – Na hipotimia ou depressão patológica, segundo Paim (1993), verifica-se o aumento da reatividade para os sentimentos desagradáveis, podendo variar desde o simples mal-estar até o estupor melancólico. Caracteriza-se essencialmente por uma tristeza profunda e imotivada, que se acompanha de lentidão e inibição de todos os processos psíquicos.

APATIA OU INDIFERENÇA AFETIVA – Segundo Paim (1993) a afetividade está completamente abolida, não se observando nunca em nenhum transtorno psicótico. Entretanto, a diminuição dos moveis afetivos é um sintoma constante em varias enfermidades mentais. Observações revelaram que nesta enfermidade não existe embotamento afetivo, ao contrario, as alterações são devidas aqui a um transtorno da coordenação entre sentimentos e pensamento. É uma alteração qualitativa dos processos afetivos tornando os sentimentos dos esquizofrênicos inadequados e inteiramente incompreensíveis para as pessoas normais. Indiferença afetiva e uma completa ausência de sensibilidade moral são observadas em certas personalidades anormais, especialmente naqueles indivíduos identificados como insensíveis.

SENTIMENTO DE FALTA DE SENTIMENTO – Anota Paim (1993) tratar-se da situação em que os enfermos se queixam de que não experimentam sentimentos de espécie alguma, de que não sentem animo para participar de festas ou de qualquer tipo de distração.

SENTIMENTO DE INSUFICIENCIA – Nesses casos, Paim (1993) aborda que os enfermos deprimidos manifestação alterações dos sentimentos no sentido de uma espécie de sentimento de insuficiência, que os incapacita para a pratica de qualquer ação. Trata-se de uma incapacidade real, motivada pelo transtorno primário da afetividade.

SENTIMENTOS SEM OBJETO - Paim (1993) afirma que ocasionam profundo sentimentos aos pacientes, notadamente nas depressões endógenas nas quais pode-se verificar uma espécie de angustia indeterminada, que não se encontra ligada a nenhum fator real, denominada de angustia flutuante.

SENTIMENTOS INADEQUADOS – são acontecimento que, segundo Paim (1993), normalmente produzem reação intensa em indivíduos sãos, podendo ocasionar uma reação paradoxal. Os fatos podem ser acompanhados da mais completa indiferença ou de fatos banais que provocam intensas reações afetivas. É a inadequação dos sentimentos denominada de dissociação afetiva, admitindo-se se tratar de um sintoma primário da esquizofrenia.

QUALIDADES NOVAS DOS SENTIMENTOS – Anota Paim (1993) que o enfermo revela sentimentos e estados de animo qualitativamente novos, na maioria das vezes indefinidos e incompreensíveis. Os pacientes fazem referencias a sentimentos de pavor, de desespero, de solidão, de desprezo social ou sentimentos de beatitude e de iluminação divina.

PÂNICO - Dalgalarrondo (2008) define como medo intenso, de pavor relacionada geralmente ao perigo imaginário de morte iminente, descontrole ou desintegração. O pânico se manifesta sempre como crise de pânico. Estas são crises agudas e intensas de ansiedade, acompanhadas por medo intenso de morrer ou de perder o controle e de acentuada descarga autonômica (taquicardia, sudorese, etc.).
Segundo Paim (1993) consiste numa vivência de extraordinária repercussão psiquica tão intensa em certos casos que se tem tentado denomina-la de reação neurótica de pânico.

SENTIMENTOS DE PRESENÇA – Para Paim (1993) o enfermo tem a certeza imediata de que alguém está ao seu lado, atrás dele, sente a presença de alguém que nunca é visto, porém está certo de que está próximo ou se afasta.

IRRITABILIDADE PATOLOGICA – Anota Paim (1993) que é a predisposição especial ao desgosto, à ira e ao furor, nos quais os enfermos manifestam impaciência, irritabilidade, aumento da capacidade de reação para determinados estímulos e intolerância pelos ruídos. Nas personalidades anormais explosivas, o sintoma principal é a irritabilidade patológica.

TENACIDADE AFETIVA – Para Paim (1993), consiste na persistência anormal de certos estados afetivos, como ressentimento, o ódio e o rancor.

INSTABILIDADE AFETIVA – Entende Paim (1993) que é o estado especial em que se produz a mudança rápida e imotivada do humor, sempre acompanhada de extraordinária intensidade da reação afetiva, que se processa com duração muito limitada.

INCONTINÊNCIA EMOCIONAL - Paim (1993) assinala que é uma forma de alteração da afetividade que se manifesta pela facilidade com que se produzem as reações afetivas, acompanhadas de certo grau de incapacidade para inibi-las.

SUGESTIBILIDADE PATOLOGICA – Anota Paim (1993) que se trata de uma alteração da ordem tanto afetiva quanto volitiva, sendo uma predisposição psíquica especial que determina uma receptividade e uma submissão muito fáceis às influencias estranhas exercidas sobre o individuo.

PUERILISMO - Paim (1993) indica que é o temo empregado para designar as alterações mentais caracterizadas pela regressão da personalidade adulta ao nível de comportamento infantil. Em consequência, o enfermo adota inconscientemente as atitudes, linguagem e o estado de animo de uma criança.

MORIA – É o estado que, segundo Paim (1993), é dado com excitação alegre associado a certo puerilismo mental. Nesses casos os enfermos fazem bufonarias, caretas, não permanecem quietos um só instante, o humor é altamente instável, tornam-se cada vez mais exuberantes, loquazes, riem às gargalhadas.

ANGÚSTIA – Para Paim (1993) é o sentimento frequente e torturante, sem objeto, quando os processos do conhecimento que a precedem são frequentemente muito mais vagos e indiferenciados, características que correspondem a estratos psiquicos mais primitivos.

AMBIVALENCIA AFETIVA – Anota Paim (1993) que é a fala do amor e temor ou ódio que uma pessoa pode ter em relação a outra, dos acontecimentos que se tem e são desejados, como uma operação, a tomada de posse de um cargo.

FOBIAS – Para Paim (1993) é um temor insensato, obsessivo e angustiante que certos doentes sentem em determinadas situações e consiste no temor patológico que escapa à razão e resiste a qualquer espécie de objeção. É o temor obsessivo aos espaços abertos (agorafobia), ou fechados (claustrofobia), aos contatos humanos ou com animais (cães, ratos), temor de atravessar ruas, de subir ou descer elevadores, de lugares altos, etc.

CATATIMIA – Para Dalgalarrondo (2008) é a importante influencia que a vida afetiva, o estado de humor, as emoções, os sentimentos e as paixões exercem sobre as demais funções psíquicas.

REFERÊNCIAS
DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. Porto Alegre: Artmed, 2008.
PAIM, Isaías. Curso de psicopatologia. São Paulo: EPU, 1993.


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