sexta-feira, 5 de junho de 2015

A TELEVISÃO E O CONSTRUTIVISMO ESTRUTURALISTA DE PIERRE BOURDIEU


[…] A análise critica do papel da televisão é um elemento capital da luta contra a imposição da visão dominante do mundo social e do seu devir. O mais importante consiste na influência que a televisão exerce sobre a totalidade do jornalismo e através dele, sobre o conjunto da produção cultural. A lógica do comércio, simbolizada pelos índices de audiência, do sucesso comercial, da venda e do marketing, como meio específico para atingir esses fins puramente temporais, impôs-se em primeiro lugar ao campo filosófico, com os “novos filósofos”, e ao campo literário com os grandes best sellers internacionais e o que Pascale Casanova chamou de world fiction, ou seja, em especial os romances acadêmicos à David Lodge ou Umberto Eco; mas ela atingiu também o campo jurídico; com os processos sensacionalistas arbitrados pela mídia, e no próprio campo científico, com a intrusão da notoriedade jornalística na avaliação dos cientistas e das suas obras. […]

O CONSTRUTIVISMO ESTRUTURALISTA DE PIERRE BOURDIEU – O construtivismo estruturalista do sociólogo francês Pierre Bourdieu (1930-2002), está assentado sobre dois conceitos: habitus e campo. O habitus pode ser considerado um conjunto de disposições permanentes, resultado da internalização da estrutura social. O habitus significa um processo de adaptação das percepções, pensamentos e ações às situações objetivas nas quais acontecem. Ele estrutura as práticas e representações. É o que leva a pensar, sentir e atuar de acordo com as condições sociais em que se vive. Estas disposições tendem a durar e afetam os diferentes campos de atividade. Os atores não são atores cujas práticas sejam livremente motivadas. O habutus é constituído por umn conjunto de disposições que refletem o meio social no qual se é educado e que fazem ter determinada maneira de perceber o mundo e certas atitudes comuns. Em suas obras o autor discute temas como educação, cultura, literatura, arte, mídia, linguística e política, posicionando-se contra o liberalismo e a globalização. Inclusive, efetuou uma análise acerca dos meios de comunicação, notadamente sobre a televisão, tratando a respeito da mercantilização generalizada da cultura e demonstrando sua responsabilidade na perpetuação da ordem simbólica, comprovando que aqueles que dela participam são tão manipulados quanto manipuladores. Além disso, traz a demonstração de que a televisão exerce uma das formas mais nocivas de violência simbólica, pois, conta com a cumplicidade silenciosa dos que a recebem e dos que a praticam.

REFERÊNCIA
ÁLVARO, José Luis; GARRIDO, Alicia. Psicologia social: perspectivas psicológicas e sociológicas. São Paulo: McGraw Hill, 2006.
BOURDIEU, Pierre. Sobre a televisão. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997.

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